Bem vindos ao Blog da Escola Municipal

DEPUTADO RENATO AZEREDO!!!


Este blog foi criado para promover uma maior integração entre profissionais e estudantes da nossa escola. Contamos com a participação de vocês para transformá-lo numa ferramenta de conexão em que todos os membros possam agir, interagir e trocar experiências sobre assuntos diversos.

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

COMPAIXÃO


Ao contrário dos animais, cujo sentido da vida é dado geneticamente, os seres humanos precisam construir um significado para a sua trajetória no mundo. Uma aranha já nasce com a capacidade de tecer teias e as abelhas não precisam ser ensinadas a fazer o mel. Além disso, nenhuma das duas se pergunta se o que fazem é bom ou não. Elas simplesmente fazem, e a determinação de fazer é inata, assim como a capacidade para fazer. 

O ser humano, por outro lado, precisa escolher o caminho que quer trilhar na vida. Segundo Ortega y Gasset: “Essa vida que nos é dada, nos é dada vazia e o homem tem de ir enchendo-a, ocupando-a. As nossas ocupações são isto. Tal não acontece com a pedra, a planta, o animal. A eles é dado o seu ser já prefixado e resolvido.” Ao homem, a natureza não dita o que tem que fazer. Ele precisa escolher por si só.

Essa escolha, no entanto, é amplamente influenciada pela vida social, de forma que, em grande parte das vezes, o indivíduo acredita não ter escolha. Entretanto, a circunstância de estarmos vivos no mundo não nos impõe uma única ação, mas várias possibilidades. Até mesmo a decisão de entregar a orientação das nossas vidas a outras pessoas é uma escolha nossa e, portanto, o que vai acontecer a partir daí é nossa responsabilidade.

Nos tempos atuais, a principal forma de preencher a vida, adotada pelos seres humanos, gira em torno dos valores materiais. O modelo de ser humano que hoje prepondera é o Consumidor. Segundo esse modelo, o sentido da vida humana está em obter cada vez mais dinheiro, para consumir cada vez mais. Assim, desde que nascem, os indivíduos aprendem a orientar as suas vidas pela busca do dinheiro, de forma a acreditarem que esse é o único caminho possível. 

Contudo, apesar dessa aparente determinação social, o ser humano é livre para escolher um outro caminho e, embora os modelos sociais apontem todos para a busca de dinheiro, o ser humano é capaz de “ocupar” a sua vida com outros valores. 

A questão material é importante no que se refere ao suprimento das nossas necessidades. Ou seja, de fato o dinheiro é importante para que tenhamos comida, abrigo e proteção, entretanto, ele não nos realiza como seres humanos. Assim, quando orientamos nossa vida, apenas pela busca do dinheiro e das possibilidades de consumir que advêm dele, nos desvalorizamos enquanto seres humanos.

Para o professor Jaílson de Souza e Silva, fundador do Observatório de Favelas no Rio de Janeiro, o ser humano pleno tem 4 dimensões:

A 1ª dimensão é a da singularidade: somos seres humano únicos, temos uma história única e opiniões, gostos e dores próprios. A 2ª dimensão é a do pertencimento: desde que nascemos somos inseridos numa família que é o nosso primeiro grupo de pertencimento, a partir daí a escola, a igreja, o time de futebol, etc. são aspectos da existência que nos constituem como um ser social. A 3ª dimensão é a do humano-genérico e a 4ª é a ecológico-global. 

Entretanto, a maioria de nós se relaciona apenas no âmbito das duas primeiras dimensões e tende a desvalorizar o outro, o diferente, o que não participa dos meus grupos. Assim, a morte de um parente ou de um colega de classe é bastante comovente, mas a morte de um garoto, na favela, não me toca em absoluto. Se nos mantemos apenas nessas duas dimensões, aprendemos a desvalorizar a vida de outras pessoas. 

Quando a manchete de jornal diz que 11 bandidos foram mortos num confronto entre policiais e traficantes, não lamentamos a morte desses indivíduos porque o nosso senso “moral” diz que somos diferentes deles, que somos superiores. Assim, os moradores das favelas (tratados todos como bandidos) não são reconhecidos como seres humanos.

Para que aprendamos a olhar para todas as pessoas como seres humanos, precisamos desenvolver a dimensão humano-genérica. Essa 3ª dimensão proposta por Jaílson e nos ajuda a reconhecer a humanidade que há em todos os homens. Ela nos conecta aos seres humanos pelo que todos nós temos em comum: o fato de termos sido lançados no mundo, sem manual de instrução e de termos que decidir a nossa vida a cada minuto. Diante dessa constatação, os sofrimentos, os problemas das nações atingidas pela guerra, das crianças órfãs, dos velhos desvalidos, não nos são indiferentes. 

A wikipédia define compaixão da seguinte forma:

Compaixão (do latim compassione) pode ser descrito como uma compreensão do estado emocional de outrem; não deve ser confundida com empatia. A compaixão frequentemente combina-se a um desejo de aliviar ou minorar o sofrimento de outro ser senciente, bem como demonstrar especial gentileza com aqueles que sofrem. A compaixão pode levar alguém a sentir empatia pelo outro. A compaixão é frequentemente caracterizada através de ações, na qual uma pessoa agindo com espírito de compaixão busca ajudar aqueles pelos quais se compadece.

Daí a importância da compaixão na realização da experiência humana. É através da compaixão que sentimos como nossa, a dor dos outros seres humanos. Essa dor compartilhada nos motiva a lutar por mais justiça e mais oportunidades de bem-estar. Essa dor compartilhada é que deveria ser o motor das ciências, das políticas das artes. 


Nenhum comentário:

Postar um comentário